quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Sobre o só

Não, isso não é anúncio de site de relacionamento, namoro pela internet ou panfleto da Mãe Dinah, aquela que faz amarração para o amor e traz a pessoa amada em 2 dias. Isso é um pedido encarecido de abolição do uso da palavra “só” nas dependências de qualquer agência de propaganda do Brasil e do mundo. Entendeu? Não? Eu explico.

Sabe aqueles dias em que as coisas andam tão fudidas que uma praga de gafanhotos no Egito ou uma epidemia de lepra não parecem ser assim tão mal? O job tá atrasado, baixou o Fred Mercury no produtor gráfico, a arte-finalista tá no banheiro chorando, o mídia começou a mostrar sinais de dupla personalidade (uma delas homicida), o diretor de criação está arrancando os últimos tufos de cabelo que lhe restam, o redator tá na web em busca de uma passagem só de ida para o Afeganistão, o diretor de arte sai à procura de água pra descer o oitavo Prozac do dia e eis que o cliente liga e fala assim: “Pede pro pessoal dar um jeito de colocar a palavra 'barbatimão' no texto, pois o patrão gosta dela, e chegar a imagem do porco deitado em cima do aparador dois dedinhos pra esquerda.”

Pronto. Aí fudeu!

Lembra do filme Efeito Borboleta? Aquele com o atorzinho de segunda e a loirinha com cara de stripper. Pois é, em publicidade as coisas são mais ou menos como no filme. O bater de asas de uma broboleta* no Japão pode desencadear um tornado aqui em terras tupiniquins. Nada é tão simples quanto parece. Até porque não sei qual a espessura do dedinho do cliente. Se for como o da minha antiga professora de matemática, Dona Onélia, a imagem do porco em cima do aparador vai uns 20 centímetros pra esquerda e vai cair bem em cima da assinatura. Aí, sim, as coisas vão se complicar.

Portanto, caros colegas de profissão, tratemos de riscar a palavra de nossos dicionários e apagar de nossas memórias. Só assim teremos... Vixi já usei a palavra de novo...

*Falando sério. Se a palavra fosse “broboleta” ao invés de “borboleta” não seria bem mais bonitinha?