segunda-feira, 9 de junho de 2008

Sobre os Gersons

Malandragem e jeitinho brasileiro. Não os tenho, não quero tê-los. Pelo menos não no sentido pejorativo, que já nem sei mais se é mesmo pejorativo, já virou eufemismo pra ladroagem. Associação involuntária à essência nacional. Vai desde o ladrão de galinhas até os de colarinho branco. Cada qual querendo ganhar o seu. De preferência sem muito esforço, afinal de contas, o Brasil é um país tropical abençoado por Deus e se esforçar muito cansa, ainda mais sob o sol escaldante dos trópicos. Melhor mesmo é sombra, água fresca e bolsa-família.

O nauseabundo que vos escreve já conheceu muitos brasileiros, de várias regiões, sotaques, crenças, opções sexuais e morais. Figuras ímpares do cotidiano tupiniquim já passaram pelos olhos e ficaram gravadas na memória deste errante. Muitas dessas figuras vieram de encontro ao nauseabundo em noites gélidas de inverno no hemisfério norte, regadas a muita cerveja, tequila, mentira e ferormônios. Alguns em busca de riqueza, outros de diversão. E tudo acabava em pizza, sem trocadilhos.

Em termos gerais, os nativos dessa terra esteriotiparam os brasileiros como um povo alegre, bom de futebol, trabalhadores árduos e competentes, mas pilantras. Isso mesmo, pode dar emprego a um brasileiro, até recebê-lo em sua casa, mas fique com os olhos bem abertos senão eles levam até sua alma. Claro que praticamente todos eles desconhecem praticamente tudo sobre nós. Mas como julgá-los se “nós” mesmos nos apresentamos assim. Tentando levar vantagem sobre tudo e todos. Brasileiro bom é brasileiro esperto, que paga menos e ganha mais do que o outro. Não é mais ou menos assim que grande parte de nós leva sua vida?

Minhas sinceras desculpas pela generalização apressada, mas assistir o telejornal faz qualquer um acreditar que essa condição é regra e não exceção. E depois de viver quase um ano entre brasileiros em um país que não o nosso reforça ainda mais essa crença.

É possível ver de tudo um pouco, de falsificação a latrocínio, passando por fraudes, estelionato e, claro, prostituição, que o diga o governador de Nova Iorque. O primeiro conselho dado por um brasileiro nessas terras: Não confie em brasileiros! Simples assim. Afirmação clara e concisa, sem meio-termo. Claro que um pouco exagerada, mas ainda assim bastante útil.

Em conversa com outro nauseabundo errante recém-chegado de terras orientais, a mesma constatação e uma informação que deixa qualquer tupiniquim envergonhado. Na terra do sol nascente a maior comunidade carcerária imigrante é de - adivinhe?! - brasileiros. Em algumas cidades com alta concentração de dekasseguis – pessoas que emigram para o Japão em busca de trabalho – há mais brasileiros nas cadeias do que os próprios nativos.

Aqui vai um apelo desesperado de um brasileiro que trabalha muito e só tem o que é seu por direito: Não façam isso! Não manchem a imagem de todo um povo em busca de benefícios pessoais e realizações materiais. O nosso povo é muito mais do que isso. Não queremos ser barrados em um posto de imigração espanhola e tratados como vendedores de sexo, não queremos ver americanos nos negando a abertura de uma conta bancária, não queremos um japonês mudando de calçada ao passar por nós. Só queremos respeito em países em que somos convidados - repito: convidados - a visitar ou morar.

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